China e EUA firmam trégua comercial com redução de tarifas e sinalizam nova fase nas relações econômicas

Wagner Constâncio
3 minuto(s) de leitura

Em um movimento inesperado, China e Estados Unidos anunciaram hoje uma trégua temporária na guerra comercial que já dura anos. O novo acordo prevê uma significativa redução nas tarifas de importação entre as duas maiores economias do mundo, com validade inicial de 90 dias. A medida visa aliviar as tensões crescentes no comércio bilateral e abrir espaço para futuras negociações estruturais.

🔻 Redução de Tarifas

  • China: Reduziu suas tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%.
  • Estados Unidos: Cortaram as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%.
  • Medidas adicionais: Ambos os países também suspenderam represálias não tarifárias, como restrições à exportação de terras raras e inclusão de empresas em listas negras comerciais.

📈 Impactos Econômicos

Nos Estados Unidos, a tarifa efetiva média atingiu 17,8%, a maior desde 1937. Apesar disso, o governo prevê que a arrecadação resultante dessas tarifas poderá gerar entre US$ 1,6 trilhão e US$ 2,7 trilhões em uma década. Enquanto o setor manufatureiro pode sair beneficiado, há preocupações com os impactos negativos sobre setores como agricultura e construção civil.

Na China, o crescimento do PIB foi de 5,4% no primeiro trimestre de 2025, puxado por exportações antecipadas antes do agravamento das tarifas. No entanto, analistas já projetam uma desaceleração, com expectativa de crescimento reduzido para 3,4% no restante do ano, devido ao enfraquecimento da demanda externa e aos custos elevados da guerra comercial.

🧭 Avaliação Política e Perspectivas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, comentou o acordo com otimismo, classificando-o como “um passo importante para a estabilidade econômica global”. A frase “tarda, mas não falha” usada por Lula reflete a expectativa internacional de que a disputa, embora longa, possa ser superada pelo diálogo.

O secretário do Tesouro dos EUA afirmou ver “progresso substancial” nas negociações e destacou a importância de um ambiente previsível para o investimento internacional. Paralelamente, autoridades dos dois países também se reuniram na Suíça para discutir possíveis regras sobre o uso militar da inteligência artificial, o que aponta para um esforço mais amplo de estabilização estratégica.

⚖️ Conclusão

Apesar da trégua, especialistas alertam que o acordo ainda é frágil e depende de compromissos duradouros de ambos os lados. A continuidade das negociações e a criação de mecanismos permanentes de consulta serão cruciais para evitar uma nova escalada de tarifas.

Esta trégua sinaliza uma possível nova fase nas relações econômicas entre China e Estados Unidos — menos marcada pela confrontação direta e mais voltada à diplomacia comercial e cooperação regulatória.

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