Economia Brasileira em Maio de 2025: Desaceleração moderada e desafios persistem

Wagner Constâncio
6 minuto(s) de leitura

Em maio de 2025, a economia brasileira dá sinais de desaceleração moderada, refletindo o impacto combinado de pressões externas, ajustes internos e um cenário global de incertezas. Enquanto alguns indicadores apontam para avanços estruturais importantes, outros revelam um crescimento mais contido do que o inicialmente esperado para o ano. Analistas, organismos internacionais e o próprio governo reconhecem que o Brasil está em uma encruzilhada: o país colhe os primeiros frutos de reformas importantes, mas ainda enfrenta os desafios de inflação persistente, juros elevados e tensões comerciais.


PIB com Crescimento Reduzido, mas Ainda Positivo

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro segue em trajetória de crescimento, mas com ritmo mais lento do que o projetado no início do ano. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a previsão de expansão da economia em 2025 foi revisada para 2,1%, ante uma projeção anterior de 2,3%. A revisão foi motivada por fatores como o impacto das altas taxas de juros, a elevação de tarifas de exportação sobre o aço e alumínio por parte dos Estados Unidos e a desaceleração da economia chinesa — um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Por outro lado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve uma projeção mais otimista, estimando crescimento de 2,2% para o ano, destacando como fatores positivos a reforma tributária aprovada em 2024 e os investimentos no setor de energia, especialmente na exploração de petróleo no pré-sal.


Inflação Ainda Pressiona Famílias e Política Monetária

A inflação segue como um dos principais obstáculos para o avanço mais robusto da economia. O índice acumulado em 12 meses até abril chegou a 5,49%, pressionado por aumentos nos preços de alimentos, combustíveis e energia. Embora haja uma tendência de desaceleração no segundo semestre, o índice permanece acima da meta do Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Como resposta, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano — o maior patamar desde 2006. A medida visa conter a inflação, mas tem efeito colateral sobre o crescimento, ao encarecer o crédito para famílias e empresas e desestimular o consumo e o investimento.


Cenário Externo Adiciona Incertezas

No plano internacional, o Brasil enfrenta um ambiente adverso. A imposição de tarifas sobre o aço e alumínio exportados aos Estados Unidos compromete parte da competitividade do setor siderúrgico nacional, um dos mais importantes da balança comercial. Além disso, o desaquecimento da economia chinesa afeta negativamente as exportações de commodities, como soja e minério de ferro, principais produtos da pauta de exportação brasileira.

O dólar manteve-se em patamares elevados ao longo de maio, oscilando entre R$ 5,20 e R$ 5,40, refletindo a aversão ao risco nos mercados emergentes e a fuga de capitais para economias consideradas mais seguras.


Reformas e Investimentos: Razões para Otimismo Moderado

Apesar do cenário adverso, alguns pontos positivos merecem destaque. A reforma tributária, sancionada em 2024, começa a mostrar seus efeitos com a simplificação de tributos sobre o consumo e a redução da cumulatividade, o que tende a melhorar o ambiente de negócios e a atrair novos investimentos. O setor de energia, impulsionado por projetos de exploração offshore e energias renováveis, tem sido um dos motores da atividade econômica.

Além disso, o agronegócio segue como um dos pilares do crescimento, mesmo diante da queda nos preços internacionais de algumas commodities. A safra de grãos, prevista para ser uma das maiores da história, impulsiona a economia de estados do Centro-Oeste e Sul do país.


Expectativas para o Segundo Semestre

A expectativa é de que o segundo semestre traga maior estabilidade, com a inflação se aproximando da meta e os efeitos das reformas se tornando mais visíveis. No entanto, o governo federal terá o desafio de manter o equilíbrio fiscal em meio a pressões por aumento de gastos e a manutenção de programas sociais.

O desempenho do Brasil nos próximos meses dependerá, em grande parte, da capacidade de preservar os avanços conquistados sem comprometer a trajetória de ajuste fiscal e estabilidade monetária.


Conclusão

Maio de 2025 mostra uma economia brasileira em fase de transição. Entre os ventos contrários do cenário internacional e os ventos favoráveis das reformas internas, o país busca um novo ponto de equilíbrio. O momento exige cautela das autoridades econômicas, mas também abre espaço para um otimismo prudente. Se mantido o compromisso com as reformas, o controle da inflação e o equilíbrio fiscal, o Brasil poderá encerrar 2025 com crescimento sustentável e bases mais sólidas para o futuro.

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