O conformismo é uma das tristes realidades

Wagner Constâncio
3 minuto(s) de leitura

Em meus anos vividos, percebo o Brasil como uma nação que, embora enfrente uma desigualdade social, no tocante à educação, saúde, economia, etc., possui potenciais inimagináveis de superar tal situação, a fim de se transformar numa referência mundial.

Mas, para concretizar, dependerá tão somente de nossa própria iniciativa em querer transformar o país num lugar mais justo, mais humano e próspero.

Acontece que não é isso a qual consigo vislumbrar, pelo contrário. Infelizmente percebo o comodismo, a falta de humildade e a inércia de uma boa parcela da população brasileira em reconhecer as falhas da sociedade a qual pertence.

Orgulham-se nós, brasileiros, no entanto, por serem referência no futebol, por seus feitos culinários, por serem conhecidos como acolhedores, principalmente de imigrantes, por serem miscigenados e assim, termos uma mistura cultural e até mesmo linguística, porém, temos alguns elementos impossíveis de se orgulhar.

Nós, brasileiros, de maneira geral, não costumamos reconhecer suas falhas. Quando enfatizo a respectiva situação, refiro-me também a mim, que também nasci e atualmente vivo neste país.

Digo, pois, quando somos confrontados e criticados até mesmo por outros povos, costumamos responder prontamente de forma hostil e rude – o que, ao meu ver, falta ainda calçar as sandalhas da humildade.

Quando se atesta, por exemplo, que nós brasileiros, somos um dos povos mais burros e ignorantes do planeta e que o nosso índice de desenvolvimento educacional é pífio; que um dos países mais violentos do planeta é o nosso e que muitos estão acostumados, bem como conformados com a situação; que somos um dos povos que mais matam LGBTQIA+ no mundo, alguns terão a coragem de se sentirem ofendidos.

Mas afinal, qual o motivo de nos sentirmos ofendidos? Em simplesmente proferir a verdade?

Pois bem.

Não posso concluir que somos um dos povos mais acolhedores do mundo. Nesse entendimento, não temos muito a nos orgulharmos como nação.

Nós ainda somos muito deficientes e estamos, de fato, doentes. Nós, brasileiros, ainda não temos capacidades de oferecer às nossas crianças uma educação básica e gratuita de qualidade, uma acessibilidade à medicina especializada eficiente, tampouco segurança pública e dignidade às pessoas.

Dessa forma, precisamos tomar vergonha na cara, a fim de deixarmos o desejo de sermos lisonjeados a todo instante para não nos entristecermos ou deprimirmos e tomarmos uma atitude unida de povo, com intuito de haver mudanças culturais profundas.

Acredito piamente que havendo mudanças culturais profundas, nossa nação poderá disputar o pódio entre àquelas que se são as mais desenvolvidas e prósperas do planeta.

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